A colonização de um
continente, de um país, de um estado, ou até mesmo de uma região, tem sempre
uma história violenta. Esse papel de abrir caminhos só pode ser desempenhado
por homens fortes e dispostos a matar ou morrer. Foi assim em toda a América,
do continente ao município.
A mulher, por ter
sido considerada frágil, não participou da centenária refrega colonizadora. As
nossas chicas da silva, joaquina de pompéu e donas beja são estrelas excepcionais.
Interpretaram os primeiros papéis de muitas peças, exceto a espingarda, a
espada, o facão.
Na história de Arcos, no entanto, a mulher
nomeou-se em funções atribuídas ao homem: não apenas de professora, mas também
de agente postal; fazendeira à dona de casa. Lado a lado com o homem,
desempenhava funções de juíza de direito, promotora pública, prefeita
municipal, vereadora, presidente de sindicato e da câmara municipal.
Só há uma explicação
para as mulheres arcoenses ocuparem funções determinada aos homens: o homem
arcoense é menos machista do que o homem de outros lugares. Será?
As filhas de
Ignácio Pamplona obtiveram as primeiras sesmarias e, ao que consta, nenhuma
delas saiu pelos campos e matos a perseguir e matar negros e índios.
Dos sete primeiros
proprietários de sesmarias da região, quatro eram mulheres. Rosa, Simplícia,
Theodósia e Bernardina, filhas de Ignácio Corrêa Pamplona, eram senhoras
absolutas da maior e melhor parte do território regional. A cultura arcoense
saiu ganhando: em vez do mandonismo da linha machista na região, ao longo do
tempo, tivemos uma classe dirigente que pontificou sem derrapar, sem cair no
esbarrancado dos radicalismos.
Arcos foi uma
das poucas cidades mineiras que teve como primeiro mandatário do poder público
uma mulher: Sra. Hilda Borges Andrade foi eleita em 1988. Na mesma eleição,
Therezinha Soares Corrêa, foi escolhida pelo povo para cumprir seu terceiro
mandato de vereadora, em 1980 como Presidente da Câmara. Antes Geni Andrade
tinha ocupado o primeiro cargo da mesa em três anos seguidos (1952 a 1954) e Maria Marlene
Rodrigues, vereadora na 10ª legislatura, ocupou o mesmo cargo nos anos de 1983
e 1984.
Do quadro de 10
fundadores da Academia Arcoense de Letras, em 1987, 6 eram mulheres. Entre as
doações de importância ao Patrimônio da Igreja Católica de Arcos constam duas
mulheres: uma casa, em 1872, por Maria Francisca romana, e a outra, em 1908,
por Lina Fernandes de Souza. Em 1940 Rita de Cássia de Melo Castro, fezendeira,
doa à Santa Casa de Misericórdia. Nas palavras do vigário Geraldo Mendes
Vasconcelos, em 1950, Dona Corina, diretora do então grupo escolar da cidade,
opunha-se à introdução do catecismo na escola.
No século passado,
duas mulheres com o mesmo nome de Ana (Ana Joaquina Alves Gondim e Ana
Rodrigues Gondim), possuíam e administravam o latifúndio da Fazenda Cristais.
Em 1917 duas
mulheres, Isaura de Souza e Maria Fernandes, fundaram e dirigiram o jornalzinho
“Sorriso”.
Fonte: História de Arcos-Lázaro Barreto
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