quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Liderança Política 1ª Parte

    Desde os tempos mais remotos, Arcos sempre contou com líderes, os quais mantiveram os destinos da comunidade por caminhos transitórios até os dias de hoje.
    Liderança é dom natural da pessoa, a qual é capacitada para exercer com carisma, influência sobre a formação de opinião das pessoas da mesma comunidade a ponto de se tornar o guia, o orientador, o que sabe discernir e avaliar o caminho a ser seguido pela comunidade.
    A fala do líder ecoa longe, vai de boca em boca, silencia a multidão e ilumina o destino a ser seguido pela comunidade. É importante a existência de um líder na comunidade para que esta trilhe os caminhos da incerteza deste planeta informe e caótico em que se vive.
    Comunidade sem líder é o mesmo que noite sem luar e céu sem estrelas.
    A História Bíblica revela líderes, que nunca usaram da força e nem da violência na condução do seu povo. Há tantos que são, ainda lembrados, como José do Egito, filho de Jacó; - Abraão, pai de Izaac;-  Moisés, que separou as águas do Mar Vermelho por força divina, para dar passagem aos Israelitas, que escaparam  do exército do Faraó do Egito; - e o maior líder de todos os tempos: Cristo Jesus.
    Em Arcos, desde os primórdios tempos, quando isto aqui era, ainda, informe e caótico, já se conhecia uma liderança na Comunidade, responsável pela condução dos destinos do então Arraial Arcoense: Era João Caetano, conforme era conhecido.
    João Caetano, fazendeiro rico, senhor de escravos, exerceu sua liderança em Arcos lá pelos anos de 1890. Embora tivesse o controle da localidade, contudo usou da força de capatazes e jagunços para se manter  no comando da comunidade. Era líder e força também. João Caetano era Tio de José de Magalhães Pinto, governador de Minas Gerais no período de 1961 a 1964, quando se instalou no Brasil, em 31 de Março de 1964, o governo militar, tendo assumido a Presidência o Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco.
    Com a vinda de José Ribeiro do Vale, natural de Nazareno, localidade situada perto de São Del Rei, para Arcos no final do século XIX, a liderança de João Caetano entrou em declínio para logo entrar em atrito com a nova liderança, que despontava, naturalmente, com sabedoria, argúcia e pertinácia.
    José Ribeiro do Vale, fazendeiro de grandes posses, tropeiro, que já passava por aqui com sua tropa carregando burras cheias de dinheiro em direção ao sertão, era homem de fácil convivência, habilidoso, bonitão. Logo se instalou nas proximidades de Arcos, ao comprar a Fazenda Boa Esperança com (l.000) mil alqueires de terras, perto do Posto Juá, onde, até pouco tempo, foi de Chiquito Ribeiro do Vale e, hoje, é propriedade de seu genro Lourenço Ribeiro.
    Daí para frente foram chegando membros da Família Ribeiro, que compravam as melhores terras de fazenda da região. Os Ribeiro estão presentes até hoje, em Arcos, através de seus descendentes. Gente boa.
    Aos poucos, José Ribeiro do Vale foi assumindo a liderança do destino do Arraial de Arcos até conseguir sua emancipação político- administrativa, em 17/12/1938, quando o Arraial foi elevado à  categoria de Cidade, separando-se de Formiga.
    Mas, até lá a luta contra o domínio de João Caetano foi difícil, sofrida e até violenta. Chegou a tanto, que os jagunços de João Caetano entrincheiraram armados de carabinas às margens  da Rua Francisco Fernandes, onde residia o chefe deles perto da ponte, que dá acesso ao Bairro Niterói, para matar os Ribeiro, que ali tinham que passar, montados em seu cavalos. E esta perseguição aos Ribeiro durou alguns anos. E estes não tinham tranqüilidade para transitar pelas estradas livremente.
    Os jagunços de João Caetano não atiraram com suas carabinas, porque José Ribeiro do Vale trazia em seu cavalo na cabeceira do arreio, seu filho criança de 03 anos, que era Cornélio Ribeiro do Vale (falecido em 2010).
    Esta luta e perseguição aos Ribeiro durou até a campanha política para Presidente da República do Brasil, em 1910, quando saiu candidato Rui Barbosa, escritor, orador e político de grande  reputação, contra  Marechal Hermes da Fonseca, que se sagrou vencedor nas eleições e presidiu o Brasil de 1910 a 1914.
    Na disputa para a Presidência do Brasil, João Caetano, de Arcos, apoiou Rui Barbosa, que perdeu. E os Ribeiro apoiaram Hermes da Fonseca, que foi eleito Presidente. Com esta vitória política, José Ribeiro do Vale assumiu, em definitivo, a liderança de Arcos e os Ribeiro passaram a gozar de regalias na comunidade.
    Logo a seguir, José Ribeiro do Vale, requisitou para Arcos um destacamento da polícia militar de Minas, sob a chefia de um Tenente, que impôs a ordem, combateu a jagunçada e prendeu a bandidagem. Arcos passou a ter uma vida de paz e segurança para ir e vir. Com isto, os Ribeiro tiveram liberdade para cuidar de suas fazendas, de seus negócios e montar em seus cavalos, que é o que mais gostam até hoje. Com a instalação do Município de Arcos em 1938,  José Ribeiro do Vale foi nomeado por Benedito Valadares, Governador de Minas no período da ditadura de Getúlio Vargas, o 1º Prefeito. Após seis (06) meses no cargo, abdica-se do cargo de Prefeito a favor de seu genro o médico João Vaz Sobrinho, natural de Formiga, descendente, por parte de mãe, dos Couto e dos Gonçalves e, por parte de pai, dos Vaz.


   João Vaz, passa a exercer a função de Prefeito nomeado pela ditadura e a de médico na cidade. Vaz, moço pobre, bonitão, simpático, educado, de fino trato, médico competente e atencioso, conquistou logo a simpatia dos Arcoenses. Tornou-se mais bem quisto, ainda, quando veio a casar-se, em primeiras núpcias, com Yolanda  Jovino Vaz, neta de José Ribeiro do Vale.
    Como médico sobressaiu-se muito bem pela maneira humana de lidar com os seus pacientes. Fez do consultório instalado, em sua casa, na Rua Francisco Frias, o verdadeiro hospital. Daí o seu prestígio de médico e de líder político.
    Comandou Arcos como Prefeito nomeado em 02/02/1951 e depois foi eleito pelo povo, por voto direto, para mais 04 anos de mandato, que teve início em 01/02/1955  a  31/01/1958. 
Foi um líder político dos mais habilidosos. Como amigo e companheiro fiel de Magalhães Pinto, tornou-se Deputado Estadual e Secretário da Saúde de 1961 a 1964. Daí para frente foi se afastando, paulatinamente, da política por estar residindo em Belo Horizonte.




Texto escrito e cedido pelo Advogado e Professor Roulien Ribeiro Lima.
Meus sinceros agradecimentos ao Dr. Roulien, pela antenciosidade e contribuição enriquecedora.

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