quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A mulher e a neurose da juventude


   A cultura de massa é a primeira cultura verdadeiramente planetária. Ela abrange todos os povos e todas as idades. Ela homegeneíza todos os seres humanos em nome de um ser humano médio ideal a que se dirige. Esse ser humano pode ser chamado o antropodo universal. No que se refere aos povos, esse antropodo tem a tônica ocidentalizante: os filmes e a televisão estão causando uma verdadeira mestiçagem cultural. As mulheres indianas ou japonesas, por exemplo, usam a moda americana e se maquiam, arredondando os olhos, como as ocidentais. No interior da África e da América Latina, os novos valores culturais vêm fazer desmoronar as velhas tradições acenstrais.
No tocante às idades, os circuitos eletrônicos sistematicamente marginalizam as crianças, os homens velhos e as mulheres velhas, gordas ou feias, a doença, a miséria e a morte. Só são enaltecidos o homem e a mulher eternamente jovens e eternamente apaixonados.
Basta olhar a televisão ou qualquer revista. A toda hora do dia, a mulher é bombardeada pela visão de jovens esbeltas, tentando vender-lhe o sabonete que a fará eternamente jovem e glamourosa ou aquele cigarro. Tudo, desde a filosofia de vida até os pormenores da moda, está baseado na convicção de que a vida só vale a pena ser vivida se a mulher for jovem, bela e magra.
Os problemas de comunicação com os outros se resolvem na criação de pontes e não no atrofiamento da afetividade, do calor humano e da sexualidade. Assumir um problema não é, pois, fugir dele através de desvios e, sim, o acolhimento para o outro tal qual ele é.
Mas, para fazer isso é preciso que a mulher saiba quebrar estereótipos e enfrentar toda uma cultura. As mulheres que assim conseguem se manter equilibradas e atraentes são, na verdade, seres superiores. Souberam vencer desafios infinitamente maiores do que os que se apresentam às mulheres naturalmente bonitas, jovens ou magras.
Elizabeth Taylor, que embora ainda seja muito bela, não fez regimes, aceitou a sua condição de gordinha e de mulher madura. Nem por isso perdeu o lugar destacado nem deixou de ser um símbolo do cinema. “A mulher que faz regimes” __comenta ela__ “pode ter crises de nervos que afastem o marido para sempre.”
Desta forma, é desenvolvendo a chama e não a forma que a mulher poderá se integrar realmente na sua feminilidade e assumir o seu papel ao lado do homem, ao contrário do que impõe a neurótica cultura de massa do nosso tempo. Toda mulher que se percebe como apenas forma lidera a categoria das chatas.

Fonte: Artigo do livro “Porque nada satisfaz as mulheres e os homens não as entendem” de Rose Marie Muraro.
Foi cedido ao Blog Arcos autorização para postagem do artigo.
Saiba mais sobre Rose Marie Muraro e suas obras através do seu site oficial: http://www.rosemuraro.com.br ou pelo blog: http://rosemariemuraro.blogspot.com/
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Meu ponto de vista: A saúde é nosso maior bem. Cuidar do corpo, da aparência e do modo de vestir não é proibido . O foco aqui é até que ponto as exigências da sociedade te tornam um escravo ou um ser consciente de que nascemos, crescemos e principalmente envelhecemos.

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