sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A Estrada de Ferro

    A estrada de ferro chegou em Arcos antes da estrada de rodagem, trazendo o progresso das novas técnicas e a possibilidade das comunicações mais rápidas e rentáveis.
   Em 1.907 foi construído o trecho de bitola de um metro ligando Formiga a Arcos, pela Estrada de Ferro Oeste de Minas, que logo é cedido (a partir de Arcos) à Estrada de Ferro Goiás pelo Governo Federal.
   Em 1.920, encampada pela União, a estrada se prolonga até Patrocínio com ramal para Uberaba (este da EFOM).
   Em 1930 todo o trecho já pertencia a Oeste e em 1.938 da RMVB (Rede Mineira de Viação). Já em 1.943 a estação de Garças (que pertencia a Arcos até então) era das mais movimentadas da RMVB, com um chefe, quatorze conferentes, doze guarda-chaves e dez operários para conservação dos carros, dos quais as locomotivas (três) partiam diretamente para: Cruzeiro/Barra Mansa; Triângulo Mineiro/Goiás; e o terceiro para Belo Horizonte.
   Desde 1.938 já existiam quatro estações ferroviárias no Município: Arcos, Calciolândia, Carlos Bernardes e Loanda, além dos pés de estribos de Boa Esperança e de Bonifácio e da estação-polo de Garças. Os trens noturnos de passageiros conectavam com os destinados a Belo Horioznte, Monte Carmelo, Ouro Fino, Tuiti, Cruzeiro e Andradinha; os mistos (cargas e passageiros) para Garças e Lavras e vice-versa. Os que iam para Garças se conectavam com os de Belo Horizonte, Monte Carmelo, Uberaba, Ouro Fino, Cruzeiro, etc. Em 1.948 a nova estação é construída pelo engenheiro de Divinópolis, Luís Fernandes de Souza.

Bitola: Largura de via férrea.

Encampada: Tomar o governo posse de (uma empresa) após acordo em que se ajusta a indenização que deve ser paga.

Estribo: Barra de ferro com que se segura uma trave ou se ligam duas peças de madeira.

Fonte: História de Arcos-Lázaro Barreto.

3 comentários:

  1. Bons tempos, aqueles, apesar de que os de hoje são melhores em relação à fartura de bens de consumo, principalmente do alimento. Tenho muito boas recordações da estrada de ferro. Eu me lembro muito bem. Eu era criança e ia para a estação ferroviária, onde hoje é a trincheira, vender quitandas para os passageiros do misto que passava em torno das 15 horas. Essa composição se chamava “misto” porque transportava carga e passageiros. Algumas vezes fomos a Formiga de trem, às 7 horas da manhã, para visitar minha mãe, sempre doente, internada na Santa Casa de lá. Aqui não tinha recursos.

    Não saem da minha mente os biscoitos, os pães de queijos, as broinhas de fubá e as caçarolas que eu vendia lá. Esses produtos eram fabricados na padaria do Piduca e na do Fiinho Zacarias. Ás vezes algum passageiro, receando descer do trem e perde-lo, pedia à gente pra comprar cigarros ou balas pra eles lá no Bar do Tuta, onde até pouco tempo funcionava a Casa Ipanema. Ai, a gente fazia hora até o trem começar a sair para não dar tempo de entregar o troco ao passageiro. Mas, nem precisava fazer isso, pois, vez ou outra algum já deixava o troco com gente, por causa da boa vontade que os meninos tinha em servi-los. Boa vontade ou esperteza?

    Lembro-me muito bem de um senhor, de nome Mancini, parece-me, o qual trabalhava no Vagão do Correio, e também vendia gibis, ou seja, as revistas da época: Zorro, Tarzan, Capitão Marvel..... Como menino que eu era, mas já sabia ler, ficava morrendo de vontade de comprar uma revista, mas o dinheiro que eu ganhava vendendo coisas lá, era pra ajudar nas despesas lá de casa e não sobrava pra comprar coisas supérfluas, apesar de que uma simples revista costuma ser um bem muito precioso na vida de uma criança. Então, quando a criança é pobre e não tem outros lazeres, aí é que a revista tem valor. Serve pra família inteira.

    Foi exatamente o que aconteceu comigo, pois esse inesquecível senhor Mancini teve a bondade de me dar uma revista de graça. Era uma Revista do Tarzan. Nunca me esqueci dessa revista e do bondoso senhor que me fez tal presente. Tenho ou não razão para ter boas lembranças da Estrada de Ferro? É de causar pena ver uma riqueza nacional, construída com tanto sacrifício pelos homens do passado, em nome de uma indústria automobilística que encheu as estradas de enormes caminhões que, não obstante transportem cargas, tiram a vida de muitas pessoas.
    Pela boa recordação, parabenizo a blogueira pela excelente postagem.

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  2. Eu que agradeço pelo seu comentário que só veio enriquecer ainda mais a postagem acima.Muito obrigada!

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  3. Correção: Na penúltima frase do meu comentário, mudem, por favor, para: É DE CAUSAR PENA VER UMA RIQUEZA NACIONAL CONSTRUÍDA COM TANTO SACRIFÍCIO PELOS HOMENS DO PASSADO, SER DESTRUÍDA EM NOME DE .........
    Obrigado e desculpem a falha.

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